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Somos todos irmãos

data-filename="retriever" style="width: 100%;">A expressão "aldeia global" foi popularizada na década de 1960 pelo trabalho do canadense Marshal McLuhan. Na época, novas formas de contato midiático surgiam (telefone, televisão) e ele imaginou uma nova forma de mídia que possibilitaria o fim de um mundo linear. O literato e filósofo também acreditava que os meios de comunicação teriam a capacidade de modificar as relações pessoais de tal modo, que recuperariam a experiência de tribalização vivida pela humanidade.

Com o celular e com a internet é que o conceito de aldeia global começa, de fato, a se concretizar. O chamado ciberespaço gera cada vez mais proximidade, ocorrendo a quebra de barreiras e do distanciamento. A velocidade das informações, agora não somente recebidas, mas também democratizadas pela possibilidade da interação e do compartilhamento, mudam o próprio conceito e a percepção do tempo e do espaço. Estamos finalmente promovendo a retribalização dos homens projetada por MacLuhan.

Nesses últimos meses, acompanhamos, em tempo real, o avanço e os efeitos do novo coronavírus, recebendo instantaneamente as estatísticas e a troca de informações, numa rede globalizada em busca de conhecimentos sobre a nova doença. Após milênios de desigualdades sociais e culturais, encontramo-nos todos ligados e indefesos perante um inimigo comum, e isso está provocando uma mudança paradigmática nas relações humanas.

A nova ameaça apequenou os preconceitos e demonstrou que somos irmãos na vulnerabilidade frente ao novo e ao desconhecido. Ao mesmo tempo, nos trouxe a capacidade de reconhecer as instituições públicas como meios de proteção e organização da sociedade, bem como revalorizar o conhecimento e a pesquisa científica, depositando nela a nossa grande esperança.

A luta contra o avanço do vírus também fez com que estejamos vivenciando um retorno ao seio familiar, eis que o necessário isolamento imposto pela defesa da saúde pública remete-nos ao nosso lar, lugar onde encontramos segurança e retomamos uma rotina caseira, por tanto tempo esquecida, que estranhamos ao revivê-la.

O povo italiano tem demonstrado que, mesmo diante de crise tão séria, é possível reencontrar a alegria, emocionando o mundo com as cenas amplamente divulgadas na Internet. As filmagens compartilhadas mostram que a música substitui o contato pessoal restringido pelo governo, pois vizinhos, cada um de suas janelas e sacadas, somam vozes e instrumentos, entoando conhecidas melodias que falam de esperança e vida. Os sons ressoam nas ruas desertas, emocionando a todos que participam do evento e àqueles que assistem pelas rede sociais.

Estamos vivendo momentos inéditos. A vida (ou Deus) está nos "dando um tempo". Tudo aquilo que nos parecia importante e urgente parece estar suspenso. É tempo de reflexão, solidariedade, humildade e humanismo. O mundo efetivamente é uma aldeia, pois os meios de comunicação assim o transformaram. Ele é nosso lar, a natureza é nossa mãe e nós somos todos irmãos.

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